A independência dos povos foi a grande causa da segunda metade do século XX. Livrar-se da subordinação aos impérios era o sonho de dezenas de nações ao redor do mundo. A WWII fez minguar os impérios ultramarinos, mas criou as condições para a consolidação do maior império territorial da história: A União Soviética. Dentro dela o sonho de autodeterminação se transformava no pesadelo da invasão.
A ruína econômica e ideológica daquele império com a formação de uma dezena de novos Estados soberanos, soava como o estertor de ímpetos colonialista.
A Rússia, a metrópole do finado Império, parecia ter aderido a um espírito de existência cooperativa com suas ex-colônias e com os antigos adversários ideológicos. Na belee époque dos anos noventa imaginou-se que o depotismo oriental, personificado em Stalin e Mao, havia se tornado fóssil a ser estudado pela paleontologia política.

A Guerra na Chechênia para a evitar a secessão impressionou pela brutalidade mas não revelou a mantença da alma moscovita. A invasão da República da Georgia, pretextando proteger russófonos acendeu a luz amarela do semáforo das vias entre Rússia e a União Europeia. Ainda sim, a diminuta escala dos acontecimentos na Georgia não produziu reações de monta, entorpecidos que estávamos pela modicidade dos preços de hidrocarboneto e minérios da Rússia. Angela Merckel, também russófona de berça, apostava na possibilidade de controlar Putin.
Na perspectiva germânica fazer negócios que interligassem a economia russa ao resto da Europa traria freios de racionalidade que fariam a Rússia computar perdas e ganhos caso cedesse a algum rompante imperial.
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O Brasil deveria em consonância com o artigo 4 da Constituição Federal ter expressado firme repúdio à guerra colonial e, dentre outras ações, poderia ter fechado o seu espaço aéreo e seus portos a embarcações russas. A leniência com a violência como meio de ação política sinaliza falta de apreço à democracia.